segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O que eu quero? ...

… Meu querido o que eu quero mesmo é que sejas feliz, assim fora de mim. Não sei se sabes, talvez não tenhas tido tempo para perceber que para mim sempre foi e será isso o mais importante, mesmo que tenhas escolhido um caminho longínquo e que nunca mais te cruzes comigo, mesmo que me tenhas magoado mais, do que me tenhas feito feliz!
Não tivemos tempo para nada, o tempo é um ladrão, mas tu és um ladrão ainda mais esperto, porque roubas tempo ao tempo e foi assim que entraste e saíste da minha vida como uma tempestade…e agora assisto desde longe ao crescimento de um fosso imenso entre nós, apesar de todo o amor que sentimos um pelo outro. Já reparaste que este verbo conjugado nesta pessoa é igualzinho no passado e no presente? Mas não vai voltar a haver conjugação, porque por mais que te tenha amado e te queira proteger, sei que é inútil e que só tu podes crescer e descobrir o que é mesmo importante para ti.
Mas custa-me, meu pequeno e irrequieto menino, custa-me ver-te cada vez mais cansado e desligado do mundo, como se não tivesses força para viver a tua vida e te alienasses num código de conduta. É que é muito mais fácil esqueceres quem foste do que tu julgas. E se te habituares a viver assim, os anos vão passar a correr e quando olhares para trás, verás que aquela vida não foi a tua, foi só a que tu pensaste que era mais fácil ter. Mas não adianta falar, não adianta explicar-te o que já esqueci e que ainda não conheces, porque o que eu quero mesmo é que sejas feliz.
Só há uma maneira de uma pessoa ser mesmo feliz, sabes qual é?
Aprende-se com o tempo e descobre-se com a vida. É o truque mais difícil do mundo para quem nunca o recebeu e o mais fácil para quem já o teve. O truque é fazer feliz a quem se ama.
E o nosso amor, aquele que o tempo, a vida, TU ou o medo, não deixaram construir, está guardado para sempre, e aí mesmo que queiras, agora eu não volto a remexer. Talvez um dia sirva para alguma coisa, para fazer feliz alguém, como eu já te fiz a ti e tu a mim, ou simplesmente para tu começares a dar valor às pequenas coisas, que por mais que procures nunca mais vais encontrar como encontras-te comigo, num tempo fora de todos os tempos em que eras tu que estavas comigo e não uma imagem à tua semelhança que inventaste para enganar o tempo e o mundo.

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