sábado, 9 de janeiro de 2010

"Caixa de segredos"


Hoje fiz aquilo que há muito devia ter feito, dei voz à alma, lavei-me a noite inteira em lágrimas e de manhã percorri os nossos caminhos, possuindo uma caixinha. Pelo caminho dei-lhe um nome a "caixa dos segredos" nela guardo as promessas que alguém construiu em tardes frias de Inverno e sois de primavera, que acabaram com o calor derradeiro do fim de verão, guardo-as na neve densa que nos abraçou e com os laços que um dia nós atamos. Guardo tudo na caixa dos segredos, todos os despites, todas as promessas, todas as palavras, todos os momentos, tudo o que absorvi de ti e de mim naquele tempo. Há dias em que o vento arrasta as persianas inanimadas e eu juro que a vida te trará até mim, tu que eu julguei ser a solução quente para o gelo mórbido em que se tornaram os dias outrora sonhados. E os dias em que te sonho? E se eu não me libertar do colete-de-forças que é amar, porque tu não me dás espaço para isso? Entre a dor de te esquecer e a dor de não te encontrar em pensamento, eis que balanço no frio do teu nome, tão diferente de todos, tão desigual de si mesmo. O Mondego hoje estava lindo,brilhava, quase tão bonito como o último dia que cá estiveste, mas nem a beleza, de um local que já me trouxe tanta felicidade, é capaz de me anestesiar os braços ausentes não de ti, mas de mim. É que os vasos,meu querido, quebram-se com a chuva violenta do Norte e com todos os ventos do Sul, sem os poupar sequer aos do Oeste e lhes acrescentar os do lado contrário. Onde fica o Leste dos amores,onde está o nosso amor construido no centro? que eu agora só lhes conheço o Oeste, onde tudo acaba nas cinzas de um sol esquecido? Na caixa dos segredos, guardo também os vasos em que se transformaram os dias e neles as tuas palavras que não transcrevi, porque não dá mais para te transportar para todo o lado, estou cansada de tudo. Hoje arrumei-te (temporariamente) naquele cantinho da alma, a "caixa dos segredos", talvez voltes (como sempre), mas é algo que preciso. Liberta-me a mente e eu toda!


Raciocínio desconexo? Talvez ...
Mas é como eu me encontro desconexa ,
e com o lado esquerdo do corpo todo carcomido.

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